Diante de uma forte comunicação sobre crise, a pergunta que
mais temos respondido é: o que fazer para reduzir custos, sem afetar a
eficiência? Logo à primeira vista, uma pergunta difícil de ser respondida e
que, para a maioria, parece ser impossível.
No balanço do primeiro semestre de 2008, vários insumos
registraram altas recordes. Na pecuária de corte, a suplementação mineral foi a
grande vilã dos elevados custos de produção no período com reajuste de 81,37%
(média Brasil). O pecuarista que faz a recria também amargou o aumento de
46,07% nos valores do bezerro no primeiro semestre deste ano, devido à baixa
oferta do animal. Como se não bastasse, adubos e corretivos tiveram forte
reajuste no período, de 44,35%. Esta expressiva alta ocorreu, principalmente, no
início do plantio da nova safra (CEPEA/USP -2008).
Os preços do leite recebidos pelos produtores
recuaram pelo terceiro mês consecutivo (agosto a outubro) . Tais recuos refletem uma acomodação dos preços tanto do leite ao produtor quanto dos derivados, decorrentes do aumento da oferta em ritmo mais acelerado que a demanda. Mesmo com a economia brasileira mantendo bons índices de crescimento e as exportações batendo recordes, a produção de leite nos oito primeiros meses deste ano é 19% maior que a de igual período de 2007 (CEPEA/USP -2008).
recuaram pelo terceiro mês consecutivo (agosto a outubro) . Tais recuos refletem uma acomodação dos preços tanto do leite ao produtor quanto dos derivados, decorrentes do aumento da oferta em ritmo mais acelerado que a demanda. Mesmo com a economia brasileira mantendo bons índices de crescimento e as exportações batendo recordes, a produção de leite nos oito primeiros meses deste ano é 19% maior que a de igual período de 2007 (CEPEA/USP -2008).
Neste cenário aparecem sugestões e até recomendações para
redução de custos pelo produtor, que vão desde o abate dos animais - em sinal
de protesto - até o corte de insumos essenciais como adubo na lavoura, ração e
sal mineral para o rebanho. Contudo, na grande maioria das vezes, essas
recomendações e conceitos equivocados trazem resultados ainda mais negativos
para a atividade, porque reduzem a eficiência.
Com base nos custos estimados pela Fundação ABC para a safra
2008/09, na tabela 1 são feitas simulações para duas situações de investimento
na lavoura para a produção de silagem. Na situação 1 são considerados os
investimentos necessários para uma produtividade esperada de 50 toneladas de
matéria verde por hectare. Na situação 2 os investimentos em fertilizantes e
semente foram reduzidos em 30%.
Verifica-se que para a semente, a redução de 30% no
investimento fez com que sua participação na composição total dos custos fosse
reduzida em apenas um ponto percentual e, no caso dos fertilizantes, essa
redução foi de seis pontos percentuais. Por outro lado, a redução de insumos
faz com que os custos com colheita sejam elevados, proporcionalmente, em cinco
pontos percentuais com a redução dos investimentos.
No entanto, o maior impacto que se tem nessa situação é o
aumento de 72% no custo final da tonelada de silagem. Isso se deve ao fato de
que o investimento de R$ 1.032,91 em fertilizantes seriam suficientes para
adquirir nutrientes (N - P - K) somente para uma produtividade de 24
toneladas/ha, daí a elevação tão significativa nos custos.
Outra situação que poderíamos imaginar seria a redução no
uso ou a opção por misturas minerais de qualidade inferior - que nem sempre são
mais baratas. Se desconsiderada, num primeiro momento, a queda na
produtividade, ou até justificá-la com a redução no investimento em alimentação
- sabidamente errada -, certamente teremos comprometido o desempenho
reprodutivo das vacas leite, que, de maneira simplista, poderia ser demonstrada
somente com o aumento no intervalo entre parto dos animais (tabela 2).
Nota-se que um rebanho, ou mesmo um grupo de animais, que
tem lactações em torno de 9.000 kg e intervalo entre partos de 18 meses, podem
ser equivalentes, por exemplo, aos que tenham lactações de 6.000 kg com 12
meses de intervalo entre partos. Isso significa que no primeiro grupo serão
necessárias mais vacas na propriedade para a mesma produção anual de leite.
Nesse caso, mais uma vez, a redução de investimentos em insumos essencias
(nutrição) certamente irá onerar ainda mais o sistema de produção.
Então, quais as maneiras para se reduzir efetivamente os
custos de produção? Algumas sugestões que certamente se adequam a todas as
propriedades seriam:
• Buscar a máxima eficiência agronômica nas lavouras destinadas
à silagem. Maiores produtividades reduzem de maneira significativa os custos de
produção. Lavouras mais produtivas (MS/ha) produzirão silagens com maior
participação de grãos, determinando melhor qualidade nutricional e,
consequentemente, menor necessidade de suplementação.
• Colher a lavoura no ponto ideal. Com o corte antecipado
deixa-se de colher até 40% dos grãos que poderiam estar presentes na silagem,
além de encarecer significativamente os custos de colheita e armazenamento em
função dos baixos teores de matéria seca.
• Minimizar as perdas no processo de ensilagem. Abusar na
compactação e vedar muito bem os silos.
• Descartar animais de baixa eficiência produtiva e
reprodutiva. “O caro não é a comida, e sim a vaca
ruim!”. Para isso é essencial
um bom controle zootécnico para que essa avaliação seja correta.
• Separar os animais em lotes por categoria e produtividade.
Desta maneira, otimiza-se o uso dos insumos adquiridos. A alimentação deve ser
de acordo com exigência do animal naquela fase. Análise bromatológica dos
volumosos produzidos é imprescindível para uma alimentação correta.
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