domingo, 19 de fevereiro de 2012

Como reduzir custos sem afetar a eficiência na produção pecuária



Diante de uma forte comunicação sobre crise, a pergunta que mais temos respondido é: o que fazer para reduzir custos, sem afetar a eficiência? Logo à primeira vista, uma pergunta difícil de ser respondida e que, para a maioria, parece ser impossível.

No balanço do primeiro semestre de 2008, vários insumos registraram altas recordes. Na pecuária de corte, a suplementação mineral foi a grande vilã dos elevados custos de produção no período com reajuste de 81,37% (média Brasil). O pecuarista que faz a recria também amargou o aumento de 46,07% nos valores do bezerro no primeiro semestre deste ano, devido à baixa oferta do animal. Como se não bastasse, adubos e corretivos tiveram forte reajuste no período, de 44,35%. Esta expressiva alta ocorreu, principalmente, no início do plantio da nova safra (CEPEA/USP -2008).

Os preços do leite recebidos pelos produtores
recuaram pelo terceiro mês consecutivo (agosto a outubro) . Tais recuos refletem uma acomodação dos preços tanto do leite ao produtor quanto dos derivados, decorrentes do aumento da oferta em ritmo mais acelerado que a demanda. Mesmo com a economia brasileira mantendo bons índices de crescimento e as exportações batendo recordes, a produção de leite nos oito primeiros meses deste ano é 19% maior que a de igual período de 2007 (CEPEA/USP -2008).

Neste cenário aparecem sugestões e até recomendações para redução de custos pelo produtor, que vão desde o abate dos animais - em sinal de protesto - até o corte de insumos essenciais como adubo na lavoura, ração e sal mineral para o rebanho. Contudo, na grande maioria das vezes, essas recomendações e conceitos equivocados trazem resultados ainda mais negativos para a atividade, porque reduzem a eficiência.

Com base nos custos estimados pela Fundação ABC para a safra 2008/09, na tabela 1 são feitas simulações para duas situações de investimento na lavoura para a produção de silagem. Na situação 1 são considerados os investimentos necessários para uma produtividade esperada de 50 toneladas de matéria verde por hectare. Na situação 2 os investimentos em fertilizantes e semente foram reduzidos em 30%.

Verifica-se que para a semente, a redução de 30% no investimento fez com que sua participação na composição total dos custos fosse reduzida em apenas um ponto percentual e, no caso dos fertilizantes, essa redução foi de seis pontos percentuais. Por outro lado, a redução de insumos faz com que os custos com colheita sejam elevados, proporcionalmente, em cinco pontos percentuais com a redução dos investimentos.
No entanto, o maior impacto que se tem nessa situação é o aumento de 72% no custo final da tonelada de silagem. Isso se deve ao fato de que o investimento de R$ 1.032,91 em fertilizantes seriam suficientes para adquirir nutrientes (N - P - K) somente para uma produtividade de 24 toneladas/ha, daí a elevação tão significativa nos custos.

Outra situação que poderíamos imaginar seria a redução no uso ou a opção por misturas minerais de qualidade inferior - que nem sempre são mais baratas. Se desconsiderada, num primeiro momento, a queda na produtividade, ou até justificá-la com a redução no investimento em alimentação - sabidamente errada -, certamente teremos comprometido o desempenho reprodutivo das vacas leite, que, de maneira simplista, poderia ser demonstrada somente com o aumento no intervalo entre parto dos animais (tabela 2).
Nota-se que um rebanho, ou mesmo um grupo de animais, que tem lactações em torno de 9.000 kg e intervalo entre partos de 18 meses, podem ser equivalentes, por exemplo, aos que tenham lactações de 6.000 kg com 12 meses de intervalo entre partos. Isso significa que no primeiro grupo serão necessárias mais vacas na propriedade para a mesma produção anual de leite. Nesse caso, mais uma vez, a redução de investimentos em insumos essencias (nutrição) certamente irá onerar ainda mais o sistema de produção.
Então, quais as maneiras para se reduzir efetivamente os custos de produção? Algumas sugestões que certamente se adequam a todas as propriedades seriam:

• Buscar a máxima eficiência agronômica nas lavouras destinadas à silagem. Maiores produtividades reduzem de maneira significativa os custos de produção. Lavouras mais produtivas (MS/ha) produzirão silagens com maior participação de grãos, determinando melhor qualidade nutricional e, consequentemente, menor necessidade de suplementação.

• Colher a lavoura no ponto ideal. Com o corte antecipado deixa-se de colher até 40% dos grãos que poderiam estar presentes na silagem, além de encarecer significativamente os custos de colheita e armazenamento em função dos baixos teores de matéria seca.

• Minimizar as perdas no processo de ensilagem. Abusar na compactação e vedar muito bem os silos.

• Descartar animais de baixa eficiência produtiva e reprodutiva. “O caro não é a comida, e sim a vaca 
ruim!”. Para isso é essencial um bom controle zootécnico para que essa avaliação seja correta.

• Separar os animais em lotes por categoria e produtividade. Desta maneira, otimiza-se o uso dos insumos adquiridos. A alimentação deve ser de acordo com exigência do animal naquela fase. Análise bromatológica dos volumosos produzidos é imprescindível para uma alimentação correta.

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